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Diabetes e os cuidados durante o tratamento de canal

O diabetes é uma doença crônica silenciosa que, se não controlada, pode trazer muitos transtornos para a vida do paciente. Neste mês de novembro, no próximo dia 14, é comemorado o Dia Mundial do Diabetes, uma data que tem como objetivo alertar a população sobre os cuidados e a adoção de hábitos saudáveis para que a pessoa, ao receber o diagnóstico, possa ter mais qualidade de vida e saúde.

A título de curiosidade, só no Brasil, segundo Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), estima-se que mais de 12 milhões de pessoas convivam com a doença e, conforme dados trazidos pelo 16º Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde, em 2019, o diabetes é a quarta causa de morte em homens e a terceira causa em mulheres no país.

A principal característica do diabetes é alterar a produção e a absorção da insulina no organismo do paciente. A insulina nada mais é do que o hormônio responsável por regular a glicose no sangue. Por isso, o diabético precisa estar em constante acompanhamento do seu índice glicêmico. Do contrário, ele pode enfrentar muitos problemas a ponto de colocar a sua vida em risco. Um desses problemas é apresentar dificuldades na cicatrização de feridas, o que redobra a atenção caso ele precise realizar uma cirurgia, inclusive as menos invasivas, como é o caso do tratamento de canal.

Diabetes e tratamento de canal: estudos mostram forte indícios de lesões

A relação entre o diabetes e o tratamento endodôntico é tão intrínseca que estudos recentes sobre o tema, como a última meta-análise que foi publicada em julho de 2020, mostrou que existe um forte indício de lesões pós-operatórias em pacientes diabéticos se comparado a pacientes não diabéticos. Vale destacar que na área científica, o termo “meta-análise” é considerado o topo da evidência científica, ou seja, consiste em uma análise estatística de resultados de diferentes estudos individuais tendo como objetivo integrá-los, de modo a combinar e resumir seus dados e conclusões.

Mas, o que a Odontologia ainda investiga é se essas lesões ocorrem por alguma falha praticada pelo cirurgião-dentista durante o tratamento ou se é causada pelas condições do próprio paciente, uma vez que o organismo do diabético tende a ter dificuldades em realizar o reparo ósseo. Trata-se de um ponto relevante pois o sucesso do tratamento endodôntico é avaliado pela manutenção da qualidade óssea abaixo da raiz do dente.

Atualmente, a melhor teoria aceita pelos pesquisadores e profissionais sobre esta correlação está ligada à baixa capacidade de reparo ósseo do paciente diabético, principalmente se o seu controle glicêmico esteja descompensado.

Entretanto, pacientes que fazem o controle glicêmico adequado, mas que são acometidos pela doença há alguns anos, também podem apresentar deficiência em seu reparo ósseo na comparação com pacientes que não têm diabetes. Logo, o tempo é uma variável que deve ser considerada.

Controle glicêmico: primordial para sucesso do tratamento

Mesmo diante deste alerta, o diabetes não contraindica, em nenhum aspecto, o tratamento endodôntico. Porém, é recomendado que o paciente informe sua condição de saúde ao cirurgião-dentista antes de iniciar o procedimento.

Embora o tratamento endodôntico não seja considerado uma cirurgia invasiva, é importante que o profissional tenha acesso ao controle glicêmico do paciente para realizar uma avaliação, pois é preciso considerar o risco sistêmico, que orienta não realizar procedimentos mais invasivos em pacientes que estejam com a glicemia descompensada.

Outros fatores a serem considerados nesta etapa são os sinais que a falta do controle glicêmico pode impactar em todo organismo do paciente, podendo indicar complicações causadas pela doença. Os principais são: formigamento ou perda de sensibilidade em braços e pernas, histórico de doença renal crônica (DRC) e doença oftalmológica ocasionadas pela diabetes, e queda imunológica, que em casos mais avançados pode gerar abscesso. Vale lembrar que isto pode variar de pessoa para pessoa.

Insulina e medicamentos pós-operatórios apresentam riscos?

Uma dúvida muito comum entre pacientes diabéticos que fazem uso regular da insulina é a influência dela durante e após o tratamento endodôntico. Nesta situação, cirurgiões-dentistas esclarecem que a aplicação do hormônio não interfere em nada no tratamento endodôntico. Porém, é preciso atentar-se para outros tipos de medicamentos, como o corticosteroide – os corticoides – que devem ser usados com cautela.

Caso paciente apresente um abscesso agudo ou um edema difuso, em decorrência de um problema endodôntico, o cirurgião-dentista pode prescrever o uso de corticoide desde que o diabético tenha a glicemia controlada regularmente. Além dos corticoides, alguns tipos de antibióticos e antiinflamatórios que não são indicados para pacientes que têm doença renal crônica (DRC) devem ser evitados em pacientes diabéticos, especialmente aqueles que não realizam o controle glicêmico ao longo da vida, que têm maior tendência em desenvolver uma doença renal crônica.

 

 

 

 

 

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