Por mais que a internet e os aplicativos de mensagens possibilitem o contato direto entre os pacientes e os profissionais das mais diversas áreas da saúde, a consulta presencial ainda é fundamental na maioria dos casos. Na Odontologia, quando o objetivo é fazer uma consulta de diagnóstico para algum caso, como um tratamento de canal, por exemplo, a avaliação não deve ocorrer de forma remota, baseada apenas no envio de fotos ou radiografias.
Tanto para o cirurgião-dentista quanto para o paciente, realizar uma consulta de diagnóstico é muito importante para o sucesso daquele tratamento. Nesta conversa inicial, o profissional consegue realizar uma avaliação mais precisa, detalhada e assertiva do caso, traçando as etapas de cuidado ou fazendo o encaminhamento para um especialista.
Neste contato, o dentista faz um levantamento de informações que ajudam a traçar o histórico daquele paciente e do problema que ele está relatando. Em saúde, esses dados servem para formatar a chamada anamnese sistêmica, que consiste em identificar se o paciente possui, por exemplo, alguma doença de origem cardíaca, hepática ou renal, que pode influenciar na condição do tratamento.
Durante a avaliação, também é possível verificar se o paciente possui algum histórico de resistência medicamentosa ou se faz uso contínuo de algum remédio. Outro ponto importante é verificar se ele está realizando algum tipo de tratamento médico, se já foi submetido a algum tipo cirurgia e qual a proporção da mesma, se possui algum tipo de implante, seja cardíaco ou próteses articulares.
Primeira consulta, a mais importante!
Após levantar todo o histórico do paciente, o cirurgião-dentista inicia a investigação do problema bucal que o fez buscar atendimento odontológico. O profissional faz algumas perguntas que são pertinentes ao diagnóstico para cruzar o seu conhecimento com as queixas relatadas pelo paciente.
Neste relato, o dentista pergunta, também, há quanto tempo ele está convivendo com esse desconforto e agravamento dos sintomas. Feitas as anotações, é hora de analisar visualmente o quadro.
Quando o problema é tratado pela Endodontia, especialidade odontológica que abrange os canais dentários, o dentista realiza todas as observações clínicas necessárias, bem como a documentação fotográfica com microscópio e a radiografia, sempre que necessária.
Depois de todas essas etapas, o dentista senta com o paciente para explicar tudo que foi observado e o que, de fato, está acontecendo com ele, expondo o diagnóstico. Nesta conversa o profissional estabelece todo o plano de tratamento e repassa o planejamento de investimento.
Por que a consulta de diagnóstico é mais demorada?
A primeira consulta com qualquer profissional da saúde, sobretudo com o cirurgião-dentista, tende a ser mais demorada pois é neste contato que o profissional consegue levantar todas as informações necessárias para estabelecer não só o diagnóstico, como o tratamento e o estado de espírito daquele paciente.
O cirurgião-dentista também precisa ter ciência do estado emocional do seu paciente, se ele está passando por alguma situação angustiante, ansiedade, problema financeiro, entre outros problemas que precisam ser expostos.
É um momento valioso e importante para ambos, pois é ali que cria-se o vínculo de confiança com o profissional, para que o paciente se sinta acolhido e seguro. E isso só é possível quando há um contato presencial e sem pressa.
Teleodontologia: quando é indicada?
Quando a pandemia do coronavírus foi decretada no Brasil, em março de 2020, a orientação foi suspender qualquer atendimento presencial, salvo situações de urgência e emergência. Assim, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) estabeleceu o Guia de Esclarecimento sobre a Resolução-CFO-226/2020, que regulamentou o exercício da Odontologia à distância.
A resolução do CFO teve como objetivo regulamentar as atividades laborais dos dentistas durante a pandemia e, também, determinou as práticas futuras em relação aos atendimentos à distância de pacientes por meio da teleodontologia.
Deste modo, a normativa permite aos cirurgiões-dentistas realizarem o telemonitoramento no intervalo entre consultas, ou seja, o acompanhamento à distância dos pacientes que estejam em tratamento.
Além disso, a resolução obriga os profissionais a realizarem registro em prontuário de toda e qualquer atuação realizada nestes termos, bem como a teleorientação realizada por ele com o objetivo único e exclusivo de identificar, por meio de questionário pré-clínico, o melhor momento para a realização do atendimento presencial. Os meios de documentação dessas informações aceitos são: via e-mail, telefone ou WhatsApp.
O CFO, por meio desta resolução, exclui a possibilidade de qualquer consulta de avaliação de forma remota e também proíbe a prescrição de receitas à distância. No entanto, o conselho segue aguardando o desenvolvimento de uma plataforma virtual com certificação digital para possibilitar a verificação segura das assinaturas dos profissionais e, consequentemente, aos seus pacientes e às farmácias, que poderão conferir a autenticidade das receitas.
